segunda-feira, 16 de julho de 2012

Encontro com o ídolo


Minha paixão pela Fórmula 1 começou por influência do meu pai, lembro-me vagamente de ele ligar a sua grande televisão preto e branco Telefunken na década de 1970 para assistir às corridas torcendo por um tal de Emerson Fittipaldi, vagamente eu disse porque lembra-se pouco de fatos quando se tem 3, 4 ou 5 anos. O tempo passou e chegou o ano de 1981, já contava com meus 7 anos, e a partir daí as lembranças já são  maiores. Neste ano passei a assistir frequentemente o campeonato mundial de Fórmula 1 e a doença inoculada por meu pai se alastrou em meu íntimo de tal forma que passei a largar tudo o que fazia para ver as corridas. Lembro-me que certa vez fui ao sítio de meu amigo Henrique num domingo quente e ensolarado, fato raro na gelada cidade que eu morava na época ( Barbacena - MG ), e nos divertíamos muito com outros amigos jogando bola, brincando de pique e, o melhor de tudo, nadando - nadar em Barbacena era uma atividade que dava para fazer alguns poucos dias no ano de tão fria que a cidade era. E, neste dia, tinha uma corrida que seria transmitida à tarde, o GP do Canadá. Com promessas de que eu assistiria integralmente à corrida fui ao sítio, muito distante da cidade, despreocupado. Depois de muito brincar, chegou a hora do almoço e deparei-me com um verdadeiro banquete: frango assado com macarrão, feijão tropeiro, arroz à grega, batata frita, farofa e, para a alegria das crianças, sobremesas diversas: pudim, cajuzinho, brigadeiro, doces de leite e de figo (o meu preferido). Tudo muito bom, estava eu plenamente satisfeito até a hora que ligaram, a meu pedido, a televisão. Assim que a ligaram a felicidade transformou-se em pavor ao constatar que tudo o que a malfadada anteninha comum - na época não havia parabólicas ou TV por assinatura - pegava era "chuvisco" e chieira. Foi um tal de gira antena para cá, roda a antena para lá e......... NADA !!!  O pavor transformou-se em desespero e insistentemente implorei para me levarem embora para eu assistir à corrida. Ninguém entendia o motivo de eu querer largar todo aquele lazer para assistir a uma simples corrida, mas, a muito contragosto, me levaram para casa. Chegando em casa encontrei meu pai já se preparando para a transmissão e o pai de um dos colegas que me trouxe relatou toda a história e a minha histeria para ele. Meu pai caiu na gargalhada e respondeu assim a seu interlocutor: "Esse aí só perde uma corrida se for preso".
Pois bem, a história juvenil narrada só serve de pano de fundo para dar uma noção da importância que a Fórmula 1 passou a ter em minha vida. E toda essa importância acabou sendo personalizada em um nome: NÉLSON PIQUET. Em 1981 Piquet estava no auge da pilotagem e foi forte o suficiente para levar seu mediano Brabham BT 49 ao terceiro título brasileiro na F1. Após o GP dos Estados Unidos, corrida que decidiu o certame, meu pai me pegou em seu Passat LS cinza para dar uma volta pela cidade e, em meio a um buzinaço, começamos a desfilar em uma improvisada e enorme carreata que nos levou vagarosa e festivamente à rua 15 de novembro - principal rua de Barbacena - chegando lá olhei para cima e vi uma chuva de papel picado caindo dos prédios cheios de bandeiras do Brasil e de gente vibrando muito com o título, o clima era de final de copa do mundo. As imagens da comemoração ficaram marcadas para sempre em minha memória, a partir daí eu tive meu primeiro ídolo esportivo de infância: NÉLSON PIQUET. O tempo passou, a admiração foi crescendo na medida em que Piquet brilhava nas pistas do mundo e a imagem de ídolo foi sendo cada vez mais cristalizada em minha mente.
Chega o ano de 2010, o evento de antigomobilismo BRAZIL CLASSICS acontece em Araxá (MG) no meio do ano e, como carro antigo é outra de minhas grandes paixões, lá estou prestigiando o evento (posts serão feitos em uma série especial brevemente) quando me deparo com quem ? Ninguém menos que o meu ídolo de infância... Por um breve momento, como em um filme, todos os bons momentos de vibração passaram na minha mente: os três campeonatos, as vitórias, as corridas em Jacarepaguá e em Interlagos que assisti nos autódromos. Com grande emoção pedi ao tricampeão para tirar uma foto com ele e rapidamente o agradeci por todas as conquistas e alegrias proporcionadas aos brasileiros. O encontro foi rápido, porém inesquecível, e para celebrar o acontecimento tratei de imortalizá-lo ao fazer uma camiseta silkada com a foto e as inscrições: PIQUET, ÍDOLO ETERNO (foto abaixo, clique para aumentar).
                                

Oportunidades como essa são raríssimas, às vezes acontecem uma vez na vida, confesso que fiquei um pouco envergonhado de bancar o tiete, mas encontrar um ídolo de infância não tem preço...

OBRIGADO NÉLSON, O ÍDOLO ETERNO DA FÓRMULA 1 !!!