quarta-feira, 4 de junho de 2008

Coluna do Leitor - Gp do Canadá por Hugo Seitz

Às vésperas do Gp do Canadá, corrida que sempre tem algo emocionante reservado para os expectadores mesmo em tempos de F1 Procissão (apelido que resolvi adotar para atual época - triste - da F1 sem ultrapassagens), o leitor Hugo Seitz recordou de forma engraçada uma passagem ocorrida nos anos 1990 no circuito da ilha de Notre Dame, com a palavra o leitor colunista de hoje:

" O ano era 1991 e todo mundo já sabia que a disputa pelo título ficaria restrita a Senna em uma Mclaren-Honda que começava a dar sinais de decadência mas ainda era forte e Mansell em uma ascendente Williams-Renault que se transformaria já em 1992 no carro de outro planeta. As outras equipes faziam figuração e o os outros pilotos da Mclaren e Williams, Berger e Patrese respectivamente, eram somente escudeiros. Nesse contexto a Fórmula 1 aterrissou no Canadá, quinta corrida do ano de 1991, país que onde quase sempre acontecem corridas movimentadas. Curiosamente em 1991 a corrida foi chatinha sem muitas disputas, coisa rara de se ver na Fórmula 1 dessa época sempre tão competitiva e cheia de ultrapassagens, e o que se viu foi um desfile de Mansell rumo à vitória até a penúltima volta. E Mansell cruza a linha de chegada abrindo a última volta com uma "semana de vantagem" (era assim que o Galvão Bueno falava quando a distância era muito grande) para um surpreendente Nélson Piquet pilotando um carro fraquinho mas conseguindo uma boa segunda posição, e no meio da última volta Mansell começa a comemorar antes mesmo da corrida acabar dando adeusinhos para o sempre entusiasmado com automobilismo povo canadense. E não é que o carro de Mansell quebra quase no final da última volta? Quebra e Piquet ganha a corrida de bandeja. Mas o melhor de tudo não foi isso, foi a declaração do sempre cômico Piquet ao final da corrida quando perguntado do motivo da quebra da Williams. Piquet disse que o inglês era trapalhão demais e que ao ficar comemorando tinha desligado o sistema eletrônico que gerenciava o funcionamento de seu carro e todo mundo acreditou, fazendo Mansell de motivo de piada por muito tempo. Hoje sabemos que o carro de Mansell na verdade deu uma espécie de pane hidráulica, que eu gosto de chamar de apagão da Fórmula 1, e que Mansell não teve nada a ver com o que aconteceu. Na época a mentira deliciosa de Piquet colou porque somente a Williams tinha esses aparatos tecnológicos todos e ninguém estava acostumado com esse tipo de quebra. Mas, para falar a verdade, gosto tanto da versão digamos extra oficial de Piquet que prefiro acreditar nela e morrer de rir imaginando a cena do Mansell trapalhão dando tchauzinho e desligando o carro, porque essa história faz parte do folclore gostoso da Fórmula 1. Grandes figuras tínhamos na Fórmula 1 do passado."

É isso aí Hugo, esse é o caso clássico em que a ficção é muito melhor do que a realidade... E como era sacana esse Piquet, hein, HEHEHE...